sábado, 22 de novembro de 2014

Breve história do palhaço

Os palhaços são conhecidos a aproximadamente quatro mil anos mas, a verdade, é que desde sempre, e através dos tempos, inúmeras pessoas dedicaram-se à arte de fazer rir.


ü Desde o início dos tempos o riso é usado como uma válvula de escape para os medos e tensões das sociedades. Nas culturas antigas encontramos figuras mascaradas que davam gritos e faziam danças exageradas provocando um misto de medo e atração.

ü Na Idade Média era costume toda corte ter pelo menos um bobo para divertir o rei e os seus convidados: O Bobo da Corte. Normalmente o bobo poderia ser um anão ou corcunda. Era comum ter em seu figurino um chapéu de longas pontas com um guizo em cada.

ü Saltimbancos era uma trupe de atores que viajava em carroças apresentando peças cômicas e dramática nas feiras Medievais.

ü Na Comédia dell´Arte também encontramos os personagens cômicos: Arlequim, Pantaleão, Doutore e outros.

ü Philip Astley construiu anfiteatro a céu aberto, com um picadeiro circular de 13 metros de diâmetro, onde aconteciam apresentações de exercícios equestres e dos artistas de feira. Nasceu assim a estrutura do circo moderno.

ü Com o tempo mais atrações foram sendo incluídas, surge o palhaço “branco”, ou “clown”, vestido ricamente com lantejoulas e gorro pontiagudo, cara branca e pouca maquiagem; o “augusto”, tonto, desajeitado e extravagante; o “toni” e o “excêntrico”, colaborando para que a gargalhada corresse solta.

ü Vários números de palhaços, conhecidos como “entradas”, se tornaram clássicos, como “O Espelho Quebrado”, “Hamlet”, “A Água”, “A Estátua”, “O Barbeiro de Sevilha”, etc, e podem ser vistos ainda hoje em grandes circos. Outa maneira do palhaço participar dos espetáculos circenses é através das “reprises”, pequenas cenas de palhaços que acontecem enquanto se prepara a parafernália de um novo número (como preparar as jaulas, o trapézio, etc.). No início do século XIX outra participação importante dos palhaços se dava na segunda metade do espetáculo, quando estes apresentavam uma “pantomima” cômica, um pequeno espetáculo de cunho teatral, dentro do espetáculo circense, muitas vezes baseado em clássicos da dramaturgia e da literatura mundial.

ü O palhaço era, até pouco tempo, o principal personagem de um circo, sendo uma honra ocupar esse papel. Geralmente, os palhaços são habilidosos em alguma arte, muitos são grandes acrobatas, músicos, malabaristas, domadores, bailarinos, piadistas, cantores, etc.

ü Hoje em dia os palhaços ocupam espaço não só nos circos, estão presentes nas ruas, nos teatros, na televisão, no cinema, em vários e infinitos espaços e, se um dia, descobrirmos vida em outros planetas, descobriremos, também, novas formas de fazer rir, pois, dentro do mais íntimo de todos os mundos, existe, reluzindo o riso, o Mundo do Nariz Vermelho.

ARLEQUIM, SERVIDOR DE DOIS PATRÕES - Trecho

ARLEQUIM, SERVIDOR DE DOIS PATRÕES

De Carlo Goldoni
Adaptação: André da Silva Barros

PANTALEÃO: Neste momento, eu declaro, como pai da noiva, que vocês dois tem a minha permissão para se casar.
CLARICE: Estou tão feliz, Silvio!
SILVIO: E eu também, Clarice! (se abraçam.)
PANTALEÃO: Sorte de vocês que Federico Rasponi morreu, pois minha filha já estava prometida a ele.
DOTTORE: Meu filho é um homem de muita sorte. Clarice já ia casar com Federico, mas ainda bem que ele morreu.
BRIGHELLA: Quem viu ele estrebuchado no chão foi a irmã dele. Aquela que só se veste como homem. Pra falar a verdade, ningué sabe se foi ele ou ela que morreu.
ARLEQUIM: (alguém bate na porta. Entra) Eu sou Arlequim. Criado de Federico Rasponi. Ele está esperando a resposta do pedido de casamento de sua filha.
TODOS: O quê?
ARLEQUIM: Está todo mundo surdo aqui! Eu sou criado de Federico Rasponi!
PANTALEÃO: Federico Rasponi está morto!
ARLEQUIM: Ele morreu? Mas eu acabei de deixar ele lá embaixo. Oh, patrãozinho!
DOTTORE: Ele está morto, falecido, defunto, bateu as botas!
ARLEQUIM: Por certo, deve ter caído uma pedra na cabeça dele. Eu vou lá ver! (sai)
SILVIO: Esse mundo está cheio de doidos!
SMERALDINA: (assanhada) Que bom! Eu sou tão chegada num doidão!
CLARICE: Se ele estiver vivo, eu prefiro a morte a me casar com ele.
SILVIO: Ninguém vai te tirar de mim.
ARLEQUIM: (entrando) Quem falou aqui que meu patrão morreu, está enganado.
PANTALEÃO: E não está?
ARLEQUIM: Ele está vivo, saudável, folgoso e ansioso para cumprimentar seu futuro sogro.
PANTALEÃO: Deixo ou não deixo entrar?
TODOS: Deixa!
BRIGHELLA: Senhor Pantaleão! Eu conheço muito bem Federico. (Beatrice entra)
BEATRICE: (entrando) Eu estou a meia hora esperando lá embaixo sem poder entrar.
ARLEQUIM: Senhoras e senhores! Apresento Federico Rasponi!
SILVIO e CLARICE: Estamos perdidos!
BEATRICE: Senhor Pantaleão! Quem é a jovem que me está prometida?
PANTALEÃO: É Clarice!
BEATRICE: Deixe-me cumprimentá-la! (Clarice vira-lhe as costas) Senhor Pantaleão, quem é esse rapaz perto de minha amada?
SILVIO:  Eu sou o noivo de Clarice.
PANTALEÃO: Como eu pensava que o senhor estava morto, eu dei a mão de minha filha a outro. 
BEATRICE: Pois trate de devolvê-la! A mim já estava prometida primeiro.
SILVIO: Voce vai tirá-la de mim só por cima do meu cadáver. (Puxa a espada e sai.)
CLARICE: Silvio! Volte aqui! (Sai. Pantaleão vai atrás dela.)
BEATRICE: Oh, Brighella! Você viu meu amado Florindo? Ele matou meu irmão e veio para cá. Eu preciso encontrá-lo.
BRIGHELLA: Não vi. Mas se encontrar, eu te aviso. (os dois saem. Entra Florindo e um criado com uma mala.)
CRIADO: Ai que não aguento mais.
FLORINDO: Já estamos chegando à hospedaria.
CRIADO: Mas está muito pesada. (Arlequm entra e o ajuda. Volta)
FLORINDO: Você tem patrão?
ARLEQUIM: Na verdade… não!
FLORINDO: Gostaria de trabalhar para mim?
FLORINDO: Tudo bem. Vou te dar dez tostões. (Dá uma moeda para ele) Em primeiro lugar, vá até o correio ver se chegou alguma carta para Florindo. (Ele sai. Beatrice entra)
BEATRICE: Arlequim? Vá até o correio e veja se chegou carta para Federico e Beatrice Rasponi. (entrega-lhe uma moeda. Sai)
ARLEQUIM: Hum…! Essa idéia é muito boa: trabalhar para dois patrões. E por que não? Só um não ficar sabendo de outro! (Silvio entra)
SILVIO: Arlequim! Onde está teu patrão? Eu quero acertar minhas contas com ele. 
ARLEQUIM: Espere um pouco. (Arlequim sai e volta com Florindo)
FLORINDO: (entrando com Arlequim) Quem está me chamando?
ARLEQUIM: Ele! (sai para pegar as cartas)
FLORINDO: Então é você que quer acertar as contas comigo?
SILVIO: Perdoe, mas eu não o conheço, senhor!
FLORINDO: Meu criado disse que você estava me chamando.
SILVIO: Não, quem eu chamava era Federico Rasponi! Ele quer roubar a mão de minha noiva.
FLORINDO: Pois pode ficar sossegado. Federico está morto!
SILVIO: Descobriram que ele está vivo! E está aqui em Veneza. Bom, foi um prazer conhecer o senhor! (sai)
ARLEQUIM: (entrando) Peguei a carta do senhor e para um amigo. O problema é que misturei as cartas.
FLORINDO: Deixe-me ver. Essa carta é para Beatrice. Eu conheço Beatrice muito bem. “Minha amiga Beatrice… Sei que você saiu da cidade disfarçada de homem para procurar seu amado Florindo…” Ela ainda me ama! E ela veio atrás de mim. Ache a dona dessa carta e traga ela aqui. Oh, Beatrice! (sai)
BEATRICE: (entrando) Tinha carta pra mim?
BEATRICE: Mas essa carta foi aberta. Me explique isso.
ARLEQUIM: É que lá no correio tinha uma carta para mim também. E como eu leio muito pouco, eu abri a sua carta pensando que era minha.
BEATRICE: Dessa vez passa! (sai)
PANTALEÃO:  Amigo, seu patrão está em casa?
ARLEQUIM: Acabou de sair.
PANTALEÃO: Eu não posso esperar. Entregue cem pratas a ele. (sai)
ARLEQUIM: Não. Mas um homem veio aqui e me deu cem pratas.
FLORINDO: E o que ele disse?
ARLEQUIM: Entrega para o teu patrão.
FLORINDO: Obrigado! (sai)
CLARICE: (Entrando com Beatrice.) Eu já falei que não quero me casar com o senhor.
BEATRICE: Eu preciso te contar um segredo. Eu não sou homem. Eu sou mulher.
CLARICE: Mulher? Como?
BEATRICE: Eu não sou Federico. Eu sou Beatrice. Vim aqui procurar meu amado Florindo.
CLARICE: Ai, estou tão feliz! (Se abraçam. Pantaleão entra.)
PANTALEÃO: Vejo que já se entenderam. Vamos marcar o casamento. Hoje mesmo eu dou a notícia a Silvio. 
SILVIO: (entrando) Pantaleão, eu preciso falar com o senhor. O senhor vai me dar a mão de sua filha?
PANTALEÃO: Ela já é de Federico Rasponi! (Silvio saca da espada. Beatrice entra para defendê-lo. Pantaleão sai. Os dois duelam. Silvio perde.)
CLARICE: Meu amor! Você está bem?
SILVIO: Saia daqui, traidora!
CLARICE: Eu não sou traidora. Eu te amo!
SILVIO: E por que jurou casar com ele?
CLARICE: Desculpe… mas não posso te contar.
SILVIO: Então, suma daqui. Nunca mais quero te ver.
ARLEQUIM: Dois patrões e nenhum almoço.
FLORINDO: Encontrou o Pascoal?
ARLEQUIM: Não encontrei. Mas estou morrendo de fome.
FLORINDO: Pegue essa bolsa e pode almoçar. (sai. Entra Beatrice) ]
BEATRICE: Arlequim! Por acaso o senhor Pantaleão te deixou uma bolsa com cem pratas?
ARLEQUIM: Está aqui! (entrega a bolsa)
BEATRICE: Diga ao Brighella que vou trazer um amigo para almoçar! (Senta numa ponta do palco)
FLORINDO: (entrando) Arlequim. Estou com fome!
ARLEQUIM: (para o público) E se eu servisse dois patrões ao mesmo tempo? (a Florindo) Senhor Florindo! Sente-se aqui que já vou servi-lo. (Senta-se na outra ponta do palco.)
ARLEQUIM: Senhor Brighella, pode trazer os pratos. (Brigella traz os pratos e Arlequim serve os dois amos.)
ARLEQUIM: Servi dois patrões ao mesmo tempo. Um sem saber do outro e o outro sem saber do um.
SMERALDINA: (entrando) Minha patroinha Clarice está apaixonada por um e entrega bilhetinhos a outro. Arlequim, entregue esse bilhete ao teu patrão!
ARLEQUIM: E eu não ganho nenhuma bitoquinha?
SMERALDINA: Primeiro, tem que falar com minha patroa. Pegue a carta. 
ARLEQUIM: Será que não é bom abrir? Vai saber o que está escrito. (Abrem a carta. Fica uma discussãozinha de quem vai ler, já que ambos são analfabetos. Beatrice entra)
BEATRICE: Não acredito! De quem é essa carta?
ARLEQUIM: Do senhor!
BEATRICE: E está aberta? Duas cartas no mesmo dia.
PANTALEÃO: E quem foi que abriu?
ARLEQUIM e SMERALDINA: Foi ele/ela!
PANTALEÃO: Vocês merecem umas bofetadas. (Arlequim e Smeraldina saem brincando de bater em Pantaleão)
BEATRICE: Clarice pede minha ajuda com Silvio. (Arlequim volta e apanha de Clarice. Sai)
ARLEQUIM: Carregadores! Me ajudem a trazer o baú do meu patrão. (Arlequim, Brighella e dois criados trazem os dois baús) O que será que tem aqui? (Abre os baús, bagunça, descobre roupas femininas no baú de Beatrice, escuta a voz de Florindo e guarda tudo misturado.).
FLORINDO: O que você está fazendo aqui?
ARLEQUIM: Eu vou dobrar a roupa.
FLORINDO: E de quem é esse outro baú?
ARLEQUIM: De um forasteiro que chegou aqui.
FLORINDO: Dê o meu casaco preto. (Ele veste e encontra sua foto no bolso do casaco) O que o retrato que eu dei a Beatrice está fazendo aqui?
ARLEQUIM: Eu ganhei de um criado. Seu patrão morreu e ele me deu algumas coisas.
FLORINDO: E como era esse patrão?
ARLEQUIM: Parece que vivia disfarçado.
FLORINDO: Não! Beatrice! Você não pode ter morrido! (Florindo sai chorando)
BEATRICE: (Beatrice entra.) Quem mandou você trazer o meu baú para cá?
ARLEQUIM: Ele está tomando um pouco de ar.
BEATRICE: Pegue o meu livro de anotações. (Arlequim lhe dá um livro) Ai, esse livro é do meu amado Florindo. Como isso apareceu aqui?
ARLEQUIM: É meu. Ganhei do criado de um patrão que morreu.
BEATRICE: Morreu? Meu amado morreu. O que vou fazer sem ele? Ele era o homem da minha vida. Minha vida acabou. (Sai. Pantaleão entra, fica boquiaberto e vai atrás.)
ARLEQUIM: Eu não sou servidor de dois patrões? Mas de um patrão e de uma patroa. (Sai)
PANTALEÃO: (Entra com Silvio) Senhor Silvio! O casamento de Clarice e Federico foi por água abaixo. Se o senhor quiser, ela será sua!
SILVIO: O que aconteceu?
PANTALEÃO: Federico era só Beatrice vestida de homem. Vamos contar para minha filha. Ela ainda não sabe. (Saem. Entra Beatrice e Florindo de costas um para o outro segurando punhais. Viram-se e se abraçam.)
FLORINDO e BEATRICE: Você está vivo/viva!
FLORINDO: E por que achava que eu estivesse morto?
BEATRICE: Meu criado me deu a notícia!
FLORINDO: Meu criado também deu a mesma notícia. Bighella! Brighella! Me traga o meu criado. (Brighella e um criado trazem Arlequim pelo braço.) Que história é essa de que o patrão de seu amigo estava morto?
ARLEQUIM: Foi o criado dela que me disse.
BEATRICE: Arlequim! Venha cá! Conte essa história direito de que Florindo morreu.
ARLEQUIM: Quem me falou foi o criado dele!
FLORINDO: Os nossos criados merecem um castigo, mas o nosso encontro pode perdoá-los.
BEATRICE: Eu preciso agora ir à casa de Pantaleão! Quero te ver lá depois. Tchau! (sai)
ARLEQUIM: Ah, patrão! Eu estou apaixonado pela criada de Pantaleão! Me ajude!
FLORINDO: Vou ver o que posso fazer. (saem)
PANTALEÃO: Perdoe seu noivo. Ele ficou enlouquecido com sua perda.
SILVIO: Me perdoe, meu amor! Eu te amo!
CLARICE: (dá um sorriso) Eu também te amo! (Brighella entra)
PANTALEÃO: Muito bem, senhor Brighella. Disse que ela era o próprio Federico.
BRIGHELLA: Eles são parecidos e as roupas me confundiram. Mas ela veio pedir desculpas.
PANTALEÃO: Pois que entre. (Beatrice entra vestida de mulher.)
BEATRICE: Vim pedir desculpas pela confusão.
PANTALEÃO: Muito bem! Fiquei sabendo que tinha encontrado seu amado.
SMERALDINA: Só eu que não encontrei o meu! (Arlequim entra)
ARLEQUIM: Senhores! Vim anunciar que o senhor Florindo está aí fora querendo entrar. E você, minha boneca. Quer ser minha?
SMERALDINA: Quero! (Arlequim sai) Patroinha. Tem um rapaz interessado em mim.
CLARICE: Quem?
SMERALDINA: O criado de dona Beatrice.
CLARICE: Tudo bem. Então, pode ser dele. (Florindo entra.)
FLORINDO: Senhor Pantaleão! Quero que seja padrinho de nosso casamento!
PANTALEÃO: (juntando as mãos dos noivos) Então, que Deus os abençoe!
ARLEQUIM: Senhor Florindo! E o meu pedido?
FLORINDO: Senhor Pantaleão! Eu quero pedir a mão de sua criada para meu criado Arlequim.
CLARICE: Sinto muito! Mas acabei de dar a mão dela ao empregado de dona Beatrice.
FLORINDO: Então, eu peço desculpa. Retiro o pedido que eu fiz!
ARLEQUIM: Pronto! Fiquei sem mulher.
SMERALDINA: Fiquei sem marido.
ARLEQUIM: Eu posso resolver essa situação. O senhor não pediu a mão dela para seu criado? (Florindo concorda) E a senhora não deu a mão dela para o criado de dona Beatrice? (Clarice concorda) Então, você é minha.
PANTALEÃO: Por quê?
ARLEQUIM: Porque eu sou o criado de dona Beatrice e do senhor Florindo!
TODOS: Como?
FLORINDO: O meu empregado é o Arlequim. Quem era o seu criado?
BEATRICE: Ele. E o seu? (Beatrice aponta para Arlequim)
ARLEQUIM: Eu posso explicar. Eu servi aos dois ao mesmo tempo. Peço desculpas pela aventura e peço a mão de Smeraldina em casamento. 

PANTALEÃO: Então, que Deus abençoe a todos. (Música.)

Commedia dell’arte

          
        


        Com o Renascimento, três séculos depois, o teatro deixou de ser tão perseguido pela Igreja. As artes floresciam: pintura, arquitetura, música. O homem passou a ser o objeto de interesse dessas artes, e não mais os deuses (ou, no caso da Igreja católica, o Deus). Foi a época de artistas muito importantes, como Da Vinci (que pintou a Mona Lisa) e Michelângelo.          Por essa época surgiram os teatros parecidos com os de hoje, casas com palco e platéia, e também a ópera, mistura de música com teatro. A Itália foi o palco de um gênero chamado commedia dell’arte         Os atores da commedia dell’arte eram muito versáteis (faziam de tudo): cantavam, dançavam, representavam, faziam malabarismos... Tudo para agradar seu público! Eles também formavam trupes que iam de cidade em cidade, e nunca decoravam nada, sempre improvisavam as peças.         Esses atores faziam sempre os mesmos papéis, tão famosos que você já deve ter ouvido falar neles: Polichinelo, Arlequim, Colombina, Pantaleão... Cada papel tinha uma máscara, que cobria só a parte de cima do rosto. Ainda hoje, podemos ver peças inspiradas nesses personagens maravilhosos. No Brasil, eles viraram até tema de carnaval!


Conheça os personagens:

Os personagens da Commedia dell’arte são divididos em três categorias: os Zanni são os personagens de classe social mais baixa (os servos). Os Vecchi que representam os de classe social mais abastada e os Innamorati, os amantes, que querem se casar.

Arlecchino 


Também conhecido como Harlequin, é um palhaço. Um dos zanni. Acróbata, amoral, glutão.É facilmente reconhecível pela roupa branca e preta com estampa em forma de diamantes. Geralmente, Arlecchino é o servo do Pantalone, às vezes do Dottore. Ele ama Colombina, mas ela apenas o faz de idiota.

Brighella 


 Um trapaceiro, de pouca moral e desmerecedor de confiança. É retratado como agressivo, dissimulado e egoísta.

 Capitano



Forte e imponente, mas não necessariamente heróico, geralmente usa uniforme militar, mas de forma exagerada e desnecessariamente pomposa. Conta vantagens como guerreiro e conquistador, mas acaba desmentido. Capa e espada são adereços obrigatórios.

Columbina 


A contrapartida feminina do Arlecchino. Usualmente retratada como inteligente e habilidosa. É uma das servas, uma zanni. Algumas vezes, utiliza roupas com as mesmas cores do Arlecchino.

Dottore 



 O doutor. Visto como o homem intelectual, mas geralmente essa impressão é falsa. Ele é o mais velho e rico dos vecchi. Geralmente, interpretado como um pedante, avarento e sem o menor sucesso com as mulheres. Usa uma toga preta com gola branca, capuz preto apertado sob um chapéu preto com as abas largas viradas para cima.

Innamorati


Os Innamorati são os amantes. Eles são jovens, virtuosos e perdidamente apaixonados um pelo outro. Eles usam os trajes mais belos e de acordo com o período e a moda vingente e nunca usam máscara. Geralmente, cantam, dançam ou recitam poemas.

Pantalone 


Um dos vecchi. Geralmente, muito rico e muito avarento. O arquétipo do velho pão-duro. Não se preocupa com mais nada além de dinheiro. 

Pedrolino


Também conhecido como Pierrot ou Pedro, é o servo fiel. Ele é forte, confiável, honesto e devotado a seu mestre. Ele também é charmoso e carismático e usa roupas brancas folgadas com um lenço no pescoço.

Pulcinella 



 Muitas vezes conhecido como “Punch”. O esquisito, inspirador de pena, vulnerável e geralmente desfigurado. Na maioria das vezes, com uma corcunda. Muitas vezes, não é capaz de falar e, por isso, comunica-se através de sinais e sons estranhos Sua personalidade pode ser a de um tolo, ou de um enganador. Tem a voz estridente e sua máscara tem um nariz grande e curvo, como o bico de um papagaio.

Scaramuccia


 Também conhecido como Scaramouche, é um pilantra. Usa uma máscara de veludo negro, assim como também são suas roupas e seu chapéu. Um bufão, geralmente retratado como um contador de mentiras covarde.
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